Infidelidade continua a ser uma das maiores causas para o divórcio. Como nos mostra Esther Perel (psicoterapeuta e especialista em infidelidade), hoje em dia a vergonha já não está em pedir um divórcio, mas sim em ficar com o parceiro que nos traiu. Mas e se, não havia nada errado com a relação até à traição? Não demonstra antes uma enorme coragem lutar por esta relação? Aproveitar esta “crise” para crescer enquanto casal?
Ao contrário do pensamento popular, a verdade é que uma traição nada tem a ver com defeitos da relação ou do parceiro traído. Tem antes a ver a pessoa que trai.
No início de uma relação, o sentimento de paixão predomina. Este sentimento faz-nos sentir maravilhosamente bem, como se estivéssemos nas nuvens. Com o tempo, este sentimento desvanece e dá lugar a um sentimento de amor, cumplicidade, à vontade, amizade, confiança. Mas também rotina. A excitação inicial foi-se.
E se nesta altura surge alguém que nos volta a dar estes sentimentos de paixão? Esta adrenalina? Se cedermos a estes sentimentos, uma traição é o passo seguinte. Aqui pode também surgir algo a que se chama Limerência (do inglês “Limerence”), uma espécie de paixão obsessiva por outra pessoa. Se pensa estar apaixonado e pondera deixar o seu parceiro, verifique primeiro se não está a ser vítima de limerência (Leia mais aqui).
Mito 1 – Infidelidade só acontece em casamentos infelizes
É uma suposição comum: se alguém tem um caso, há algo errado no seu relacionamento ou há algo errado com a pessoa vítima da traição.
A sabedoria convencional diz que se tudo está bem na relação (sexo bom, bons momentos passados a dois) não há necessidade de procurar felicidade noutro lugar. Mas as perguntas que Esther levanta nas sua palestras nos desafiam a repensar esta ideia.
Com isso, ela não está a sugerir casos extraconjugais como um antídoto para o tédio previsível ou inquietação de um relacionamento duradouro. O que ela quer dizer é que é complicado, que a resposta para a pergunta de porque as pessoas traem não é preto e branco. Não é simples. E muitas vezes não é o que pensamos.
Mito 2 – Infidelidade é sobre sexo.
Ao contrário do que muitos de nós assumem, os casos extraconjugais são muito menos sobre sexo e muito mais sobre desejo. Um desejo de atenção, um desejo de se sentir especial, de se sentir importante – um desejo de ser desejado.
É claro que os casos não são apenas sobre sexo. Muitas pessoas – centenas … milhares – se vêem cruzando uma linha que nunca imaginaram atravessar. Eles arriscam tudo … para quê? Uma mensagem de texto erótica? O beijo de um estranho? Uma noite quente na cama?
Hipótese de Esther: a única coisa que as pessoas em todo o mundo lhe disseram sobre seu caso – faz com que se sintam “ vivas“.
Um amigo morre. Um pai morre. Alguém é diagnosticado com cancro. Eles mesmos têm um susto de saúde. E eles pensam: isso é tudo o que existe? Vou simplesmente continuar vivendo por mais 25 anos? Será que algum dia vou sentir paixão novamente? A morte e a mortalidade geralmente vivem à sombra de um caso, porque levantam questões existenciais.
Mito 3 – A infidelidade destruirá um casamento.
Para todos os casais, um caso constitui uma traição, uma crise. Para alguns, a crise é um rompimento dos votos, enquanto para outros a crise se torna uma oportunidade.
A grande maioria dos casais permanece casada após um caso. Estatísticas sugerem que 75% dos casais sobrevivem. Alguns farão isso e nada mais. Eles “sobreviverão”. Outros embarcarão num processo de crescimento, de auto-exploração.
Esther deixa ainda uma lição importante: “ A maioria de nós terá 2 ou 3 relacionamentos ou casamentos, e alguns de nós farão isso com a mesma pessoa. O vosso primeiro casamento acabou ”, ela diz ao seus clientes. “Vocês gostariam de criar um segundo juntos?”
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